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As faces da violência na mídia

28 Jan

  A violência é um mal que afeta toda a população, independente de nível social, de idade ou sexo. Expressa-se de variadas formas e também são muitas as suas consequências. Devido à sua constância, jornais, revistas, rádio, televisão, enfim, toda a mídia, dedica-lhe grande espaço.

“Marido mata mulher por não aceitar separação”; “Assalto à mão armada mata duas pessoas e deixa três feridas”; “Uso de drogas é um dos principais fatores da violência familiar”; “Chacina: Adolescente entra na escola com pistola, mata seu professor e deixa dez colegas feridos”. Manchetes como essas já fazem parte de nosso cotidiano, seja ao ouvirmos o programa de rádio pela manhã, ao ligarmos a TV ou ao acessarmos a internet. Cada vez mais presentes em nossa realidade, atos de violência e de agressividade têm sido temas de destaque nos meios de comunicação de massa.

A mídia, quando introduz em sua pauta temas que abordam a violência, age sobre a sociedade em duas etapas: a primeira é o agendamento da violência como assunto de discussão imediata (agenda-setting), a segunda seria a construção de um universo simbólico que a longo prazo condiciona a óptica que o receptor irá ter da realidade (aculturação).

“Um agressor em potencial”

 

 

1.O agendamento da violência como assunto de discussão imediata (agenda-setting). A mídia torna os temas ligados a violência em espetáculo diário dignos de serem visto por um grande público. Como por exemplo, podemos citar o caso da menina Eloá Cristina (2008) em que o sequestro da adolescente pelo ex-namorado se tornou um reality show, tendo inclusive a morte da vítima sendo antecipada pelo principal telejornal da TV brasileira.

 

“Uma senhora de 60 anos disse: `Antes, se eu encontrasse uma criança na rua, passava a mão em sua cabeça. Hoje, eu tenho medo dela.´ Essa mudança demonstra que o outro (a criança, o jovem, o adulto) é sempre percebido como um agressor em potencial” (Psicologias, 1999).

A violência difundida diariamente nos meios de comunicação é um dos fatores que contribuem para a generalização dessa reação coletiva.

Programação infantil

Outro agrave que diz respeito à difusão da violência pela grande mídia é a programação voltada para o público infantil. As crianças ficam durante horas assistindo desenhos violentos que acabam estimulando a prática de ações semelhantes. Enquanto isso, observa-se que atrações educativas não conseguem abocanhar nem mesmo a metade da audiência.

Cabe aos veículos de comunicação de massa saber empregar o potencial que têm, promovendo o desenvolvimento dos seres humanos, a educação e o respeito a todos. Assim, é preciso fazer uma remodelagem na forma em que a violência é transmitida pela mídia, mostrando que este é um mal a ser evitado.

Dessa forma concluímos que apesar de a mídia ter o privilégio do pleno alcance, falta-lhe encontrar o sentido de indutora da cidadania e provocar no indivíduo o interesse pelo bem comum. É necessário que os responsáveis pelos meios de comunicação levem ao público uma programação séria que promova a ética e a cidadania, pois estes meios são muitas vezes responsáveis pela formação da personalidade do indivíduo e programações em que apenas o primeiro lugar na audiência importa acabam induzindo o grande aumento da violência.

2. A construção de um universo simbólico que a longo prazo condiciona a óptica que o receptor irá ter da realidade (aculturação). Os cidadãos vivem constantemente amedrontados, ao saírem nas ruas, devido ao grande índice de violência urbana propagado pela mídia.

Webjornalismo: Será o fim da “imprensa de papel”?

28 Jan

  O jornalismo impresso, único meio presente em todos esses anos de história da comunicação, ao longo dos tempos e com o advento das novas tecnologias, em especial a internet, perdeu e continua perdendo espaço entre aqueles que buscam informação. Não é novidade afirmar que o jornal impresso traz notícias de ontem e, portanto, notícias que todos já devem estar sabendo. Enquanto isso, os jornais online são atualizados constantemente e trazem informações de todo o mundo em tempo real.

Outro fator que vem agravando ainda mais a crise diz respeito à receita de publicidade, que está perdendo território para as novas mídias. E não é só isso. A cada ano, os maiores jornais do país diminuem sua circulação em até 12%. Para alguns jornalistas, uma das causas do declínio da “imprensa de papel” seria a chegada do jornalismo digital, ou web jornalismo, que é o responsável por deixar o público preguiçoso acostumado a ter acesso fácil a tudo o que precisa.

Mas nem todos pensam assim. A professora e pesquisadora Pollyana Ferrari acredita que o jornalismo digital introduziu novas formas de escrever, além de dar ao público a chance de participar da matéria, seja mandando comentários via feedback ou até sugerindo novas coberturas. Já aquelas pessoas que estão habituadas com o jornal impresso aceitam passivamente o que lhes é oferecido.

Cúmplices da reportagem

Ricardo Noblat, jornalista conceituado que fez sua carreira no Correio Braziliense, diz em seu livro A arte de fazer um jornal diário que o atestado de óbito do jornal impresso já foi assinado e lavrado em cartório pelo menos umas quatro vezes no passado. A primeira vez, quando se inventou o rádio; a segunda, quando a televisão entrou no ar; a terceira, quando surgiu a internet e a quarta, quando a revolução digital juntou num único sistema o que antes existia em separado – a escrita, o som e a imagem. Para Noblat, não importa a forma que os jornais venham a tomar no futuro, pois o que o homem precisa é de informação.

O que diferencia o jornalismo impresso do online é justamente o dinamismo que torna o indivíduo comum participante da notícia, detendo a oportunidade de optar pelo conteúdo a ser exibido. Na verdade, a web permite que o jornalista e o público se tornem cúmplices da reportagem. E é por causa dessa cumplicidade que muitas empresas de notícias passaram a considerar a web como principal meio de comunicação.

Público hoje está mais exigente

Dentre tantas outras situações que diferenciam o jornal online do impresso, uma deve ser levada em consideração: a versatilidade dessa “nova mídia”, a potencialidade de atualizar notícias e quaisquer outras páginas simultaneamente, minuto a minuto. Enquanto isso, na mídia tradicional a publicação de uma notícia torna-se algo mais complexo, é um trabalho bastante complicado e exige horas de trabalho para o mesmo ficar pronto e depois de impresso não se pode fazer mais nenhuma mudança.

Um grande problema existente no jornalismo online é a falta de profissionais especializados na área. Apenas nos últimos cinco anos, a disciplina “jornalismo digital” passou a ser ministrada em algumas das principais faculdades de comunicação do país. E a maioria das redações dos portais está sob os cuidados de jornalistas que migraram do impresso para esta nova área, mas não se dão conta que no online tudo é diferente, o que prevalece é a notícia enxuta, e a estrutura do texto é diferente.

Não acredito que o fim do jornal impresso esteja próximo. Na verdade, ele ainda terá uma vida longa até sua extinção. Apesar da grande importância que a chamada imprensa de papel tem na história da comunicação, não podemos fechar os olhos para a revolução midiática que transformou a internet em algo indispensável para qualquer jornalista. É preciso saber que o público hoje está mais exigente e não procura apenas se informar sobre os acontecimentos de sua região, mas sobre os fatos que ocorrem em esfera global e sobre várias categorias.

“O jornal digital é a expressão máxima da realidade, paradoxal, mas verdadeiro. Não se encerra, está sempre em movimento, é a cores, tem imagens, é global e instantâneo. É a vida real, não tem horas fixas, matérias pré-destinadas, páginas fechadas” (Luiz Delgado, diretor do Jornal Digital).

“(…) A maioria dos jovens raramente tem o habito de ler jornal impresso, quando tem é porque o pai assina ou folheou na casa de um amigo, mas dificilmente desembolsa dinheiro pelo jornal, ele prefere acessar o site preferido para saber das noticias” (Jornalismo Digital, Pollyana Ferrari, 2003:53).

Jornalismo, uma questão de ética

28 Jan

 Em seu artigo 2º do Novo Código de Ética do Jornalismo Brasileiro fica claro ao jornalista que:

Art. 2º Como o acesso à informação de relevante interesse público é um direito fundamental, os jornalistas não podem admitir que ele seja impedido por nenhum tipo de interesse, razão por que:
I – a divulgação da informação precisa e correta é dever dos meios de comunicação e deve ser cumprida independentemente de sua natureza jurídica – se pública, estatal ou privada – e da linha política de seus proprietários e/ou diretores.
II – a produção e a divulgação da informação devem se pautar pela veracidade dos fatos e ter por finalidade o interesse público;
III – a liberdade de imprensa, direito e pressuposto do exercício do jornalismo, implica compromisso com a responsabilidade social inerente à profissão;
IV – a prestação de informações pelas organizações públicas e privadas, incluindo as não-governamentais, é uma obrigação social.
V – a obstrução direta ou indireta à livre divulgação da informação, a aplicação de censura e a indução à autocensura são delitos contra a sociedade, devendo ser denunciadas à comissão de ética competente, garantido o sigilo do denunciante.

Infelizmente, na prática as coisas são bem diferentes e a grande maioria dos veículos de comunicação existentes no Brasil segue alguma tendência política e não age com imparcialidade na hora de publicar notícias de interesse da sociedade.

Defesa de interesses econômicos

Embora o código de ética tenha uma grande abrangência no que diz respeito à informação de qualidade, defesa dos interesses públicos e precisão da informação, existe atualmente uma crise de referências por falta de ética profissional e com isso, a imprensa perde sua credibilidade.

Uma maneira que vem sendo bastante recorrente para atingir as oposições é a tentativa de destruir a reputação através da comunicação. Esta ação vem vitimando vários políticos, movimentos sociais, jornalistas, entre outros. Isto é uma forma de não permitir a livre circulação de idéias e acaba por denegrir a imagem de alguém.

Para ficar mais claro podemos lembrar o famoso debate entre os candidatos à presidência da República Fernando Collor de Mello e Luiz Inácio Lula da Silva, em 1989. Naquele episódio, Collor recebeu o apoio das organizações Globo, sendo beneficiado quando o Jornal Nacional (telejornal de maior audiência do país) exibiu um compacto, de nove minutos, dando-lhe maior destaque em detrimento a Lula. Mas, o dono da empresa, Roberto Marinho, entrou em rota de colisão com o presidente e acabou contribuindo com a sua queda.

No Brasil, mais de um terço dos parlamentares são donos de meios de comunicação. E, por causa disso, fica difícil levantar algum questionamento a respeito, pois entra em choque com os próprios interesses da bancada no Congresso. Muitas vezes, as empresas ficam próximas ao governo porque usam verbas públicas e porque a concessão é dada pelo Estado e este, por sua vez, acaba utilizando desses meios para se promover.

Mas estes casos de falta de ética profissional não ficam restritos ao nosso país. No cenário internacional, as grandes mídias agem da mesma forma e quando são questionadas tais empresas reclamam de atentado à liberdade de imprensa, (quando na verdade estão defendendo seus interesses econômicos).

Verdade absoluta não predomina

Na Argentina, a presidente Cristina Kirchner apresentou no Congresso um projeto que coloca a imprensa em discussão. A tentativa de Kirchner foi criticada pela oposição e por grupos de comunicação, como o gigante El Clarín, que alegam censura por parte do Estado. No Equador e na Venezuela também acontece o mesmo.

Os profissionais que trabalham nestes veículos acabam acatando a “ética” da empresa para a qual prestam seus serviços a fim de não se ariscar a perder o emprego. Dessa forma, podemos dizer que a verdadeira ética tem sido deixada de lado e os interesses escusos que regem a conduta moral e legal do jornalista ganham espaço.

O referido artigo não deixa dúvidas ao afirmar que o compromisso fundamental do jornalista é com a verdade dos fatos. Porém, o trabalho de alguns destes parece não estar sempre aliado a veracidade dos acontecimentos e, diariamente, vemos jornalistas atentando contra a moral e os bons costumes das pessoas. Um grave exemplo de delito é afirmar que alguma pessoa cometeu um crime, quando na verdade ele não cometeu porque ainda não foi julgado e condenado pela Justiça (antes de ser julgado, o sujeito deve ser tratado por acusado), caracterizado como calúnia no Código Penal (art. 138).

Enfim, sabemos que os meios de comunicação possuem um imenso poder de manipular a informação e de formar a opinião das pessoas. Nesses meios, a verdade absoluta não predomina, ela acaba sendo ocultada ou transformada de acordo com o interesse dos detentores do poder. Existem algumas normas e princípios que regulamentam a conduta de um indivíduo no exercício de sua profissão. Estamos falando aqui da ética profissional, coisa que falta a muitos dos profissionais da área jornalística.

Mídia e Propaganda, uma arma ideológica

28 Jan

  Uma questão importante e frequentemente lembrada quando se fala do uso da psicologia nos meios de comunicação de massa e da participação de psicólogos neste trabalho refere-se à ética. Qual o limite do trabalho com a subjetividade? Alguns pesquisadores afirmam que não é possível enganar as pessoas o tempo todo, mas num país que tem o segundo maior índice de analfabetismo da América do Sul isso fica bem mais difícil de acontecer.

A população não consegue observar o verdadeiro sentido da mensagem que está sendo transmitida através de notícias ou propaganda, o público já se acostumou a aceitar veementemente aquilo a que assiste no Jornal Nacional ou na “pura inocência” das campanhas publicitárias, acreditando que tais campanhas se resumem apenas ao anúncio de algum produto.

Os comerciais sempre buscam mostrar um mundo perfeito em que homens e mulheres vivem felizes e sorridentes por estarem consumindo o produto anunciado; isso penetra na cabeça das pessoas que, a partir daí, passam a sentir a necessidade de adquirir aquele artigo na iminência de conquistar a felicidade e o glamour apresentados em determinadas campanhas – mesmo sabendo que isso é pura imaginação, elas sentem a necessidade de consumi-los.

A publicidade apresenta-nos, intensa e continuamente, a oferta do paraíso e da ascensão social, ao mesmo tempo em que a sociedade, através das restrições da cultura, torna remotas as possibilidades de que tal paraíso seja alcançado. Dessa forma, ao mesmo tempo em que o comercial exibe um mundo glamoroso, ele também nos dá a sensação de que nunca poderemos alcançar aquilo que é mostrado. Podemos adquirir o produto, mas sabemos que não é o fato de adquiri-lo que nos fará viver naquele mundo apresentado.

Sabemos que a publicidade tenta fugir de questões geradoras de conflitos na audiência. Dessa forma, ela passa ao público uma ilusão de perfeição no mundo e que, ao adquirir tal produto, o indivíduo conquistará a (falsa) perfeição. Essa questão encontra resistência devido às condições em que a grande maioria da sociedade vive num país de predominância pobre e que se ilude com as propagandas exibidas nos meios de comunicação de massa, o que aumenta a necessidade e a obrigação de obter aquele produto anunciado, mesmo sabendo que aquilo não lhe é necessário.

Veiculação da imagem

Este domínio que a propaganda tem sobre o público é muito bem retratado no filme Quanto vale ou é por quilo, onde se enfatiza o uso econômico da miséria, fazendo da denúncia seu negócio. Mas essa possível autofagia encontra como limite o choque do espectador, a proposta de retirá-lo daquele mundo mágico, da inércia confortante dos que criticam e apresentam uma nova proposta ou solução ao final.

A propaganda ideológica trabalha com conteúdos ideacionais, com crenças que procuram alterar o campo cognitivo das pessoas. Sabe-se que a opinião é garantida por três fatores: a ação do indivíduo em relação à sua crença, o afeto dedicado à crença e o próprio conhecimento de existência do objeto de crença.

Um exemplo claro de propaganda ideológica são os conflitos existentes no Oriente Médio, onde os países de procedência islâmica convivem com constantes ameaças e sua população é “tachada”, no Ocidente, como terrorista. Outro exemplo claro de propaganda ideológica é a causa do MST (Movimento Sem Terra), apelidado de movimento de baderneiros – e assim, causando a antipatia perante a sociedade, acostumada a acreditar naquilo que é exibido pelos grandes meios de comunicação e não sabe o verdadeiro propósito do movimento, preferindo julgá-los pelo que assim lhes foi apresentado na mídia.

A técnica de veiculação da imagem, desenvolvida principalmente pela linguagem cinematográfica e muito usada na propaganda ideológica, também é fonte de manipulação de ideologias e acontece com bastante frequência em tempos de guerra. Ainda que o termo “guerra”, no sentido estrito, refira-se à confrontação violenta entre dois ou mais exércitos, o certo é que as batalhas não se desenvolvem sempre no chamado “campo de honra”, mas também em terrenos não menos respeitáveis, como o da mídia, pelo rádio, pelo cinema e pela televisão.

Modelar opiniões e comportamentos

O cinema também é visto como veículo de ideias políticas, econômicas e sociais. Nos tempos em que a televisão não era o principal meio de doutrinamento das massas, a sétima arte era a arma mais poderosa para convencer um povo em guerra acerca daqueles princípios indiscutíveis que tornam inevitável a vitória e que permanecem sintetizados na absoluta superioridade técnica e moral sobre o inimigo.

As produções hollywoodianas são alguns dos maiores exemplos de manipulação da realidade, em especial aquelas cujo tema aborda as guerras. Podemos citar o filme Fomos heróis, que retrata a guerra do Vietnã. Na película, a ideia é passar para o espectador a imagem de que, apesar de sofrer duras baixas, o exército norte-americano saiu vitorioso do conflito (algo que qualquer pessoa que leu algum livro de história sabe que não é verdade).

Outro mecanismo utilizado pelos hollywoodianos é exibir em suas produções cinematográficas dois símbolos característicos dos Estados Unidos. O primeiro seria a bandeira nacional, que está presente em desenhos, seriados e filmes. Quando este símbolo não aparece, os personagens “heróis” tornam-se protagonistas da trama vestindo roupas em vermelho, azul e branco, retratando as cores da pátria. O segundo símbolo que caracteriza aquela nação é a famosa Coca Cola, que aparece em dois de cada três filmes exibidos.

Assim, podemos dizer que os meios de comunicação de massa se tornaram armas poderosas para ludibriar as mentes das pessoas. Dessa forma, é possível afirmar que a mídia tem o poder de modelar opiniões políticas e comportamentos sociais, fornecendo o material com que muitas pessoas constroem o seu senso de classe, de etnia, de raça, de nacionalidade, de sexualidade e de tantas outras convicções.